“Adequação viária da Marginal Tietê”

O Ecologia Urbana esteve presente na Audiência Pública sobre o Estudo de IMpacto Ambiental da “adequação” viária da Marginal do Tietê.  A palavra adequação é uma tentativa precária de confundir a população, e maquiar o real projeto, que prevê a construção 7 novas pistas em toda a extensão da Marginal, além do alargamento das vias locais e construção de pontes e viadutos.

nosso “maravilhoso” futuro

Trata-se de mais uma obra do Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano, que inclui o Rodoanel*, ampliação da Av. dos Bandeirantes, da Roberto Marinho e Jacú Pêssego, entre outras, e que terá por finalidade – além de agradar às construtoras que comumente financiam campanhas eleitorais – melhorar o fluxo dos automóveis e demais veículos motorizados, para que seus usuários não precisem se (des)incomodar com o caos da mobilidade em São Paulo.

Em outras palavras: para que os motoristas não precisem retirar o TRASEIRO dos confortaveis bancos de couro, a cidade continua investindo BILHÕES de reais em obras paliativas, que estão longe de resolver a questão dos transportes. O projeto da AMPLIAÇÃO – e não adequação – da Marginal está orçado em R$ 800.000.000,00 (oitocentos milhões de reais), mas certamente terá um valor muito maior, caso seja aprovado e sejam necessárias as desapropriações e indenizações.

As compensações ambientais apresentadas na Audiência Pública, compreendem o plantio de 166 mil mudas de árvores e a manutenção da várzea do rio, com a construção de um parque e ciclovias para passeios nos arredores.

Ao todo, será impermeabilizada uma área de aproximadamente 19 (dezenove) hectares, nas margens do rio, mas segundo o Relatório de Impacto, isso “não faz diferença para São Paulo.”

O link contendo a apresentação do projeto está logo abaixo, e através dele é possível notar o impacto da obra. Além da retiradas das milhares de árvores PLANTADAS NO ÚLITMO ANO pela secre’taria do verde da cidade, as novas pistas atravessarão, por exemplo, por dentro do Clube Espéria e do Anhembi, na zona norte, o que causa preocupação, já que o centro de exposiçoes do Anhembi é responsável por mais de 50% do turismo empresarial na cidade.

Outras dúvidas persistem, como onde serão plantadas tantas mudas, como compensarão os danos sociais e financeiros e quais os impactos para a cidade e região metropolitana de São Paulo, mas o questionamento mais desamparado de respostas diz respeito aos verdadeiros interesses do governo, já que, ao continuar lançando pacotes BILIONÁRIOS para apoiar a industria automobilísta, mantém a mesma política de criar o problema para vender a solução!

O porquê já sabemos (lembremo-nos das “amigas construtoras”), mas, até quando isso se manterá? Até quando assistiremos de camarote (desconfortavelmente acomodados) gestões de políticos comprometidos apenas com interesses dos grupos empresariais e até quando teremos Audiências Públicas mal divulgadas, com nomes obscuros e com pouco espaço para DISCUTIR o futuro das cidades?

Vamos levar essas questões a todos que possam se interessar. Seja no trabalho, na escola, no clube, na universidade ou mesmo nas conversas pela rua. É dessa união que precisamos, para mudar esse modo de fazer política!

http://www.transportes.sp.gov.br/v20//downloads/seminario/12%20Paulo%20de%20Souza%20-%20Nova%20Marginal%20Tiet%C3%AA.pdf

* Estranhamente, o engenheiro Carlos Aranha, que também é responsável pelo Rodoanel, fez uma afirmação muito interessante, quando questionado sobre a efetividade das obras:

“Apenas o Rodoanel não basta! É preciso que TODAS essas obras sejam concluídas.”

Curioso, pensei ter ouvido, certa vez, que o problema de São Paulo eram os caminhões, e que, com o Rodoanel, estaria resolvido. Ai, essa memória de paulistano, viu!?