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Ciclista é um estorvo?

07/03/2012

Às vezes somos traídos pelo nosso senso comum quando este é baseado numa visão simplista da situação. É o que temos encontrado ao ouvir boa parte das pessoas comentando sobre a morte da ciclista Juliana Dias na Avenida Paulista na última sexta feira: os ciclistas são imprudentes ao circular em vias grande movimento, onde o fluxo de carros é grande e a possibilidade de acidente é maior ainda. Além disso, são um estorvo, pois andam numa velocidade muito abaixo do máximo permitido. Frente a isso, espera-se do ciclista de bom senso discrição no trânsito (isto é, que fique fora) e que aproveite a ciclofaixa de lazer nos domingos ensolarados.

E um repórter também pode cair nessa armadilha. Um artigo publicado no site da Folha de SP mostra o quanto uma visão superficial dos fatos pode criar uma distorção. O título é claro: “Ciclistas se arriscam e comentem infrações no trânsito de SP”. Leia o texto aqui.

O que a reportagem da Folha chama de infrações, o Código Brasileiro de Trânsito não vê violação. O excelente texto de resposta, publicado no site do Ciclocidade, detalha o quão obtusa foi a análise da Folha. (clique aqui).

Conclusão: temos que reciclar algumas de nossas ideias.

Ah, lembremos: a velocidade média de um carro no horário das 17h às 20h é de 15 km/h , velocidade que qualquer ciclista alcança com facilidade. E uma bicicleta ocupa menos de 10% da área de um carro no trânsito. Os ciclistas podem ser qualquer coisa, menos estorvo.

3 Comentários leave one →
  1. 10/03/2012 19:49

    Dividindo as responsabilidades, a prefeitura e seu braço operacional, a empresa mista travestida de órgão publico, que supostamente gerencia o trânsito de SP mostram cada vez mais sua incompetência, descaso e oportunismo para com a cidade e os ciclistas.
    Projetos, se podemos chamar assim, são feitos e implantados à toque de caixa, sem planejamento a médio e longo prazo. Factóides, campanhas falaciosas e efêmeras, tudo muito bem pago pelos cofres da cidade, iludem e encobrem a incapacidade, o descaso e outros interesses, que não os da cidade.
    Que tal essa turma travestida de experts iluminados tropicalizar profissionalmente projetos profissionais e transparentes com o abaixo, ao invés de ficar tirando meias idéias pinçadas de outras cidades, como coelhos da cartola da seu circo de ilusões.

    Clique para acessar o dot_bikesmart_brochure.pdf

    SP: pobre cidade rica, gerenciada por incompetentes ilusionistas e loteada entre máfias.

  2. 29/05/2012 10:46

    Excelente texto! Mesmo pequeno, ressalta a incongruência com a qual a mídia trata todo o sistema de transporte no Brasil. Uma forma “simplista” e parcial, adotando uma lógica de apoio ao modus operandi da mobilidade brasileira. Aquela baseada nas obras faraônicas superfaturadas que beneficiam uma parcela da sociedade e deixa a desejar para o restante. Sou ciclista e admiro bastante as iniciativas de integração, que dispensam a única solução. A bicicleta é uma delas, o ônibus integrado ao metrô, VLT, bici, carroça, charrete… Todas elas podem fazer com que as necessidades de mobilidade sejam abastecidas.
    Acredito que eles considerem estorvo, pois não gera lucro (puramente financeiro) direto hoje em dia, mas se pensassem direitinho, veriam que os benefìcios seriam muito mais profundos do que o financeiro dos bolsos dos gestores urbanos.
    A bicicleta é socialmente inclusiva, diminuindo barreiras imediatas de comunicação no trânsito e possibilitando às pessoas se moverem, é indiscutivelmente menos impactante do ponto de vista ambiental (vários aspectos) e economicamente viável para uma pessoa e para o ambiente.
    Gratidão.

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