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Maior capital do Brasil não consegue atender a demanda de ciclistas

02/05/2010

Maior capital do Brasil não consegue atender a demanda de ciclistas

Fonte: Portal EcoD

Apesar de o número de viagens diárias feitas em bicicleta na cidade de São Paulo já superar, desde 2007, a quantidade de viagens de táxis, o ciclista paulistano ainda enfrenta a falta de infraestrutura para o seu deslocamento. Em todo o município são apenas 35,5 quilômetros de ciclovias. Na região de maior trânsito da cidade, dentro do limite das marginais, com raras exceções não há lugares seguros para os ciclistas circularem.

A falta de espaço nas ruas da cidade é a grande vilã, apontada por representantes da prefeitura do município. “É uma dificuldade física encontrar um espaço que seja para ciclovia, que não atrapalhe as outras modalidades de trânsito. Que não tire tanto espaço dos outros módulos e que não atrapalhe o pedestre”, diz André Goldman, representante do gabinete da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

Contrariando as justificativas das autoridades, Eric Ferreira, ex-diretor da organização não governamental The Institute for Transportation and Development Policy (ITDP) e elaborador de um plano cicloviário para a cidade de São Paulo em 2006 (que não foi colocado em prática) afirma que as poucas vias destinadas às bicicletas na cidade são resultado de uma má administração dos espaços e da submissão da política municipal à supremacia dos carros. Para ele, por exemplo, o lugar utilizado pelos carros estacionados nas ruas, mesmo nas áreas mais movimentadas da cidade, poderia ser utilizado como faixa de ciclistas ou de ônibus.

“Qual a diferença que tem de você pegar o seu sofá agora e botar lá onde o carro está? Se você ocupar aquele espaço com o seu sofá, tem diferença? Aí a polícia vai tirar você de lá. Para quê? Para o carro ficar parado. O espaço está lá. Falta coragem de administrar aquele espaço. Se não há essa coragem, não vai achar espaço. Isso serviria para as ciclovias”, afirma Eric, hoje professor da Universidade Federal Rural do Semiárido em Mossoró (RN).

O ciclista paulista Felipe Aragonez apóia a implementação de mais ciclovias na cidade, mas não as vê como única solução. “Você não tem como botar ciclovia na cidade inteira. O ideal é um planejamento cicloviário, com ciclofaixas, e educar os motoristas”.

Número de ciclistas continua crescendo

Apesar de encontrar um cenário totalmente desfavorável, o número de deslocamentos diários de bicicletas tem aumentando fortemente na maior capital do Brasil. Em 1997, o número de deslocamentos feitos por bicicleta equivalia a apenas 54% (54 mil viagens diárias) do número de viagens diárias de táxis (91 mil). Nos dez anos seguintes, esse número saltou. Em 2007 já passava a ser 87% (148 mil) superior aos deslocamentos de táxis (79 mil).

Em números absolutos de viagens diárias, a bicicleta foi o segundo modo de transporte que mais cresceu de 1997 a 2007 na cidade: passou de 54 mil viagens por dia para 148 mil, um aumento de 174%. O primeiro modo, com maior crescimento, foi o transporte por moto, que aumentou 294% (de 99 mil viagens diárias em 1997 para 391 mil em 2007).

Os dados são da pesquisa Origem Destino, realizada pelo Metrô de São Paulo, divulgada em 2008. Os deslocamentos de bicicleta considerados não levam em conta aqueles feitos para a prática de esporte e lazer.

*Com informações da Agência Brasil

Foto: Panoptico

3 Comentários leave one →
  1. Henrique Pelosi permalink
    02/05/2010 19:13

    Concordo com o Aragonez. Botar ciclovias na cidade inteira é inviável. Entretanto é possível sim a retirada das vagas de estacionamento para a transformação em ciclovias ou faixas exclusivas de ônibus.
    Tanto é, que no Jardim Paulista, desde o ano passado, várias ruas tiveram suas vagas canceladas para transformar em outras faixas de rolagem.

    Além do mais, o que foi dito pelo André Goldman é um absurdo. Como assim a bicicleta atrapalha outros veículos? A bicicleta não está no Código Brasileiro de Trânsito como um meio de transporte como qualquer outro? Então tem tanto direito de tráfego quanto os carros.

  2. 03/05/2010 9:42

    Olá

    Gentileza citar a fonte e link da foto:
    Pedalada Pelada São Paulo | Março 2009

    Abraços

  3. Ricardo permalink
    17/05/2010 14:50

    ciclovias suspensas, passarelas como as de pedestres, adaptadas para receberem bicicletas, podem constituir alternativas muito bonitas além de um exercício sociológico de tolerância e convívio contra a rivalidade por espaço urbano de locomoção

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